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"Regionalismo, Bairrismo e Identidade Campeira" é o tema anual do tradicionalismo gaúcho para 2025
Novidades
Publicado em 21/01/2025

Em janeiro de 1994, no 39º Congresso realizado em Esteio, foi aprovada a proposta de Ivo Benfatto definindo um “Objetivo Anual” a ser perseguido, em âmbito estadual, por todas entidades filiadas, com o fim de causar repercussão pela busca coletiva de um só objetivo.

 

A formação histórica do Rio Grande do Sul se deu de tal forma que possibilitou àqueles que nasceram no pago gaúcho desenvolverem grande senso de identidade e de pertencimento, elementos distintivos de nossa formação cultural e que permeiam a manutenção de nossa cultura. Desta forma, a valorização de nossa herança cultural se dá por meio do reconhecimento de nossos elementos identitários, tais como o regionalismo, o bairrismo e a identidade campeira, além do combate aos fatores de desintegração de nossa sociedade, sabidamente, o desaparecimento dos grupos locais.

 

De acordo com Ruben Oliven (1992, p. 19), o regionalismo “aponta para s diferenças que existem entre regiões e utiliza essas diferenças na construção de identidades próprias”. Já para Pozenato (2003, p.7) “o regionalismo pode ser identificado como uma espécie particular de relações de regionalidade: aquelas em que o objetivo é o de criar um espaço – simbólico, bem entendido – com base no critério da exclusão, ou pelo menos da exclusividade”. Para nós, do Movimento Tradicionalista Gaúcho, portanto, o regionalismo é a força integradora que articula que aproxima nossos elementos identitários, com a finalidade de criar uma identidade cultural rica e coesa.

 

O bairrismo, por sua vez, é a qualidade e ação do bairrista, ou seja, aquele que considera como pátria o seu estado natal e tem profundo apego e dedicação às coisas da sua terra. De forma ampla, pode-se dizer que o bairrismo é um profundo orgulho regional, característica fortemente ligada ao povo gaúcho. Tais elementos, assim como muitos outros, fazem parte da formação de nossa identidade regional e, portanto, devem ser valorizados como contributos valiosos de nossa herança cultural.

 

De uma mesma forma, há que ressaltar que o Tradicionalismo Gaúcho como filosofia de vida, tem na sua certidão de nascimento uma identidadeampeira. Os precursores do nosso Movimento desde o nascedouro deixaram claro a importância cultural e social daquilo que estavam fazendo, e toda avivência resgatada está ligada as atividades campesinas, visto, inclusive que o modelo dos nossos Centros de Tradições Gaúchas é inspirado em uma Estância, com toda sua divisão e nomenclatura, propostas por Glaucus Saraiva para o 35 CTG (O Pioneiro), baseadas em um local campeiro.

 

Nossa identidade é campeira, nossa música e poesia tem acordes de terra e vocabulário regional, nossa pilcha traz a funcionalidade para o serviço no campo, nossas danças e bailes são campesinos, somos uma figura social de fácil identificação e toda a cultura gaúcha tem raízes nos homens e nas mulheres do campo.

 

Nesse sentido, fica evidente os motivos de evidenciarmos no ano de 2025 os assuntos Regionalismo, Bairrismo e Identidade Campeira, sendo estes parte indissociável de nossa cultura e da construção da figura do gaúcho. Outrossim, é importante ressaltar que a valorização destes tópicos, de forma automática, nos remete à valorização de nossa herança cultural, ou seja, nos aproxima do orgulho em sermos quem somos.

 

Ademais, é necessário evidenciar ainda a preservação dos grupos locais como tópico de interesse para o ano de 2025. Em sua Tese “O Sentido e o Valor do Tradicionalismo” (1954), Barbosa Lessa apresentou os dois fatores de desintegração social: (I) o enfraquecimento das culturas locais e; (II) o desaparecimento dos gradativo dos “grupos locais”, comunidades transmissoras de cultura. É importante notar que, passados 70 anos, estes fatores continuam atuais.

 

Por “grupo local” entende-se o agregado de famílias e indivíduos avulsos que vivem juntos em certa área, compartilhando hábitos e noções comuns. São exemplos o “vizindário” ou “pago” das populações rurais, bem como as pequenas vilas do interior, ou ainda, os bairros com vida própria das cidades de alguns anos atrás. As unidades sociais pequenas estão gradativamente desaparecendo e cedendo lugar às massas de indivíduos.

 

Nota-se, pela análise minuciosa de nossos documentos norteadores, que as entidades tradicionalistas constituem, na atualidade, um novo grupo local. Um núcleo transmissor de herança social, de nossos hábitos, costumes, valores e princípios, ou seja, um local onde pode-se suprir a necessidade de pertencimento das pessoas e transmitir a estas um legado de cultura e valorização de nossa identidade. Portanto, a preservação dos grupos locais mbém é uma forma de valorização de nossa herança cultural e deve ser enaltecida pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho.

 

Sugestões de desenvolvimento de ações e atividades:

– Homenagem a Cyro Dutra Ferreira

 

Em 2025 é a passagem de 20 anos sem a presença de Cyro Dutra Ferreira, o tradicionalista que difundiu com sua essência os costumes campeiros da nossa gente. Suas obras, como os livros “Campeirismo Gaúcho: orientações práticas” e “Carreta Campeira”, permanecem vivas na certeza da continuidade pelas gerações. A proposta é também uma homenagem a este grande tradicionalista, integrante do Grupo dos Oito, fundador do 35 CTG e um dos idealizadores da imagem campeira do tradicionalismo.

 

Cyro Dutra Ferreira fez parte da comissão que elaborou o regulamento da Festa Campeira do Rio Grande do Sul, percorrendo o estado recolhendo detalhes de usos e costumes. Dos oito pioneiros, foi o mais presente no Movimento Tradicionalista Gaúcho, participando de quase todos os Congressos e Convenções, contribuindo com decisões importantes do tradicionalismo. Não foi homem de muitas letras, mas despertava a atenção dos intelectuais quando se expressava para falar de suas raízes campeiras e das tradições do nosso pago, pelo simples fato de falar com o coração e com a sabedoria da vivência.

 

 

Com informações do site do MTG RS

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