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Após 200 anos, Fogo de Chão de São Sepé é extinto
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Publicado em 07/02/2025

Uma tradição secular chegou ao fim em São Sepé, no interior do Rio Grande do Sul. O emblemático Fogo de Chão da Fazenda Boqueirão, mantido aceso por mais de 200 anos, foi extinto no dia 8 de janeiro de 2025. A família Simões Pires, responsável por preservar essa tradição, tomou a difícil decisão de apagar a chama centenária.

“Foi uma decisão difícil, muito dolorosa para a família, mas decidimos, no dia 8 de janeiro de 2025, data em que completei 60 anos, apagar o fogo”, relatou Cláudia Pires Portella, uma das filhas dos proprietários da Fazenda Boqueirão.

A principal razão para a extinção da chama foi a dificuldade em obter lenha morta sem comprometer a preservação ambiental. “Estávamos com dificuldades para conseguir lenha morta, e para obter essas toras, teríamos que derrubar árvores nativas. Isso nós não queremos, pois a nossa proposta é de preservação da natureza. Essa falta de lenha também pesou na nossa decisão”, explicou Cláudia.

 

Um Símbolo Cultural

Alimentado por toras de madeira de lei, o Fogo de Chão tornou-se um símbolo da cultura gaúcha. Da Fazenda Boqueirão, a Chama Crioula era acesa e distribuída para entidades tradicionalistas de todo o estado durante a Semana Farroupilha, um dos eventos mais emblemáticos do Rio Grande do Sul.

A chama também teve um encontro histórico com a Tocha Olímpica durante os Jogos Rio 2016. A condutora Luiza Pires Portella, da sétima geração da família Simões Pires, promoveu o encontro entre essas duas tradições, marcando um momento de grande significado para os sepeenses e a cultura gaúcha.

 

Mais de Dois Séculos de História

O fogo foi aceso pela primeira vez no início do século XIX, quando o galpão da Fazenda Boqueirão foi construído. Desde então, a família Simões Pires manteve a chama viva, simbolizando o calor, a hospitalidade e a coragem do povo gaúcho.

“Provavelmente, desde o início de 1800 o fogo já estava aceso. Foram mais de 200 anos mantendo essa tradição. Nossa decisão de apagar o fogo foi muito pensada e vinha sendo construída com a família há alguns anos. Mas o mais importante é que a história vai ficar preservada. Vamos manter tudo igual no galpão, e as pessoas poderão continuar nos visitando”, afirmou Gilda Maria Faria Pires, proprietária da fazenda.

 

Preservação e Legado

A extinção do fogo marca o fim de uma era, mas não o fim de uma história. A família Simões Pires pretende preservar o galpão e mantê-lo aberto para visitas, mantendo viva a memória dessa tradição que atravessou gerações.

O Fogo de Chão da Fazenda Boqueirão será sempre lembrado como um símbolo da cultura, da resistência e do amor às tradições gaúchas.

 

Com informações da Gazeta Popular

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